sábado, 28 de maio de 2011

Só com você - Silvia Prata (clipe oficial)

Aos meus leitores.

Como todo mundo sabe, a jornada musical não é fácil. Pra conseguirmos alcançar nossos sonhos, é preciso força, coragem, perseverança, dedicação e parcerias.

Recentemente, contei com o apoio da Detalhes Filmes na produção de um clipe para a música Só com você, uma das faixas do meu CD. O vídeo foi gravado na Pampulha e na Serra da Piedade (Belo Horizonte) e depois recebeu os toques finais de edição da talentosa equipe da Detalhes.

A alegria de ter um trabalho como esse em mãos é enorme. Gostaria de compartilhar esse clipe e essa felicidade com vocês. Espero que todos gostem, compartilhem com outros amigos e me ajudem nessa "corrente". Divulgação é realmente muito importante pra mim.



Só com você - Silvia Prata
Álbum: de caneta hidrocor

Composição: Raphael Campos

Produção: Detalhes Filmes
http:///www.detalhesfilmes.com.br
Direção: Marcos Arrais
Fotografia: Marcello Marques

Participação: Carolina Antunes e Guilherme Henrique

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PAIXÃO CRÔNICA


Eu ouvi: crônica é a narração de algo cotidiano e simples. Nada de extraordinário. Nada de surreal ou inimaginável. Os fatos e os atos vividos no tempo presente pelas pessoas presentes. Ou mesmo por aquelas que só existem no nosso imaginário.

Gostei.

Eu pensei: crônica é uma sucessão de casos e acasos que, aos olhos do mundo, não tem lá muita importância, mas que ganham nova dimensão quando contados pelo escritor.

Ah, o escritor! Aquele que só sabe amar e amar todo e qualquer signo verbal. Escritor é aquele que anexa as palavras à vida. Aquele que anexa a vida às palavras. Aquele que percebe que crases e vírgulas mudam toda uma história. Aquele que conta a história.

Esbarro em uma xícara de café e molho uma pilha de papéis importantes. Faço uma crônica. Encontro-me com uma professora antiga da época do pré, carinhosamente chamada, por mim, de “tia Ju”, e me emociono. Faço uma crônica. Ouço coisas estranhas sobre o número 7 e seus mistérios, em pleno horário de almoço. Faço uma crônica. Escuto alguém dizer sobre os gêneros textuais e encontro aquele que mais me agrada. Faço uma crônica. E (me) publico.

Eu deduzi: Fazer crônica é contar um caso respeitando a cronologia. É falar do mundo em alguns parágrafos. É falar do dia-a-dia sem cair no tédio. É parafrasear o tempo, de modo que tudo pareça mais bonito e interessante do que, de fato, é. A verdade é que a gente faz crônica o tempo todo, só que sem registrar.

Eu entendi: O poeta brinca com as palavras. Mas o cronista brinca é com o tempo. Faz e desfaz os feitos. Conta e encontra as falas. Transforma banalidades em inspiração e redimensiona a vida. Reinventa a sorte de ser quem somos em frases iniciadas ou não com travessão. E nos faz sentir sortudos só por isso: porque estamos vivos. Fazer crônica é distrair-se.

Eu inventei: cronista é alguém que tem paixão crônica pela linguagem e pela história. Pronto! Já me decidi: quero ser cronista. Quero ficar assim, verbalizando tudo o tempo todo. Enxergando belezas descritíveis nos detalhes mais indescritíveis. Fazendo com que miudezas sejam vistas em tamanho máximo. E contando com a matéria-prima mais inesgotável: a própria vida.

domingo, 8 de maio de 2011

AFINIDADE

Penso que o simples fato de você, leitor, entrar aqui e se identificar com o que escrevo já prova que a afinidade existe e une pessoas de infinitas maneiras. Sei que o Bate-Coração já me uniu à muita gente que, como eu, insiste em um ritmo acelerado, por vezes descompassado, pra viver a vida. Sei que o blog é um modo de me autoafirmar. De mostrar pra você, que lê (e pra mim mesma) quem eu sou e quem sonho em ser. Desse modo, "quem eu sou" tem se aproximado muito de "quem sonho em ser". É simples perceber isso: hoje sou lida por pessoas do Brasil inteiro que, de alguma forma, se emocionam com as minhas palavras. Uma dessas pessoas é Felipe Sakae, um ilustrador talentoso e criativo que transformou um texto meu em desenho. Sim, é possível misturar as artes, rabiscar os riscos, riscar os rabiscos... 


Sei que o texto já foi postado no dia 28/03/2011, mas meu coração diz que é mais que válido publicá-lo novamente agora, porque minhas palavras ganharam um sentido e uma amplitude maior. E isso também é afinidade.



* para ver a ilustração em tamanho maior, clique sobre ela.
** para ver mais trabalhos do ilustrador Felipe Sakae, clique aqui.


Nunca gostei de falar demais durante o horário de almoço e, por isso, estava calada, enquanto o restante “tagarelava”.

- Gosta do número 7?

Depois de alguns olhares confusos, percebi que a pergunta era pra mim.

- Como é?
- Gosta do número 7?

Não havia compreendido as razões daquela pergunta, mas já estava me acostumando com as perguntas imprevisíveis que surgiam à mesa durante nosso almoço, então, não me assustei. Procurei responder com a mesma imprevisibilidade. Consegui.

- Não. Não gosto de números ímpares.
- Deveria gostar.
- E por quê?
- Já reparou que o número 7 está por todos os lados?
- Hein?
- São 7 maravilhas do mundo, 7 cores no arco-íris, 7 pecados capitais, 7 dias na semana, em 7 dias Deus fez o mundo...

Confesso que fiquei em silêncio. Eles continuaram.

- São 7 as camadas eletrônicas de um átomo, 7 notas musicais, de 7 em 7 anos é contada a idade de um cachorro...

Todos, nesse momento, se calaram. Eu tinha olhos curiosos. Pensei em surpreendê-los.

- 7 vidas tem o gato, 7 anões tem na história da Branca de Neve e... Quando compro jornal, sempre vou direto ao jogo dos 7 erros.

Para a minha surpresa, ninguém ficou extremamente surpreso.

- Sabíamos que você era “das nossas”.

Só posso dizer que... No que depender de mim, nossa amizade estará guardada a 7 chaves.

terça-feira, 3 de maio de 2011

CERTOS DIAS



Tem certos dias em que a melhor coisa a se fazer é pendurar as obrigações no varal, deixar todos os papeis importantes na gaveta e abandonar a coleção de frases sérias. Nesses dias, é bom não programar o despertador e nem fazer anotações plausíveis na agenda. É ideal que sejamos acordados pelo sol da manhã batendo na janela e sendo ligeiramente inibido pelas cortinas em voal. Não é preciso pensar muito sobre a roupa mais apropriada e nem se deixar abater pelas regras a serem seguidas. Os cabelos podem ficar assim, desgrenhados. Os pensamentos podem ser assim, emaranhados. As horas podem se desenrolar como um novelo. O tempo não precisa de manual. Nem tudo precisa ocorrer em ordem determinada, terminada, minada, sem que nada reste de singelo no final. Nem que seja por um único dia, o resto pode ser o mais importante. Cada instante precisa se deixar sentir. Os sentimentos precisam transbordar sem pressa. O chocolate pode ser comido sem culpa. O descanso pode se prolongar sem medo. Os filmes precisam fazer a gente chorar. Dias assim têm que ter sabor de voo, gosto de ar, cheiro de brisa e cor de vento.

Dias assim têm que ser reticentes... Distraídos. Dispersos. Leves. Os verbos deixam de exigir muitos complementos e nada melhor que uma folha em branco pra se registrar.

Preciso de um dia assim.