terça-feira, 27 de abril de 2010

ESTALO DE AMOR

Quero um sentimento bonito pra te contar
Quero um verso leve pra te encontrar
Quero um sabor de vento pra te inventar
Quero um brilho de estrela pra te iluminar


Quero um sorriso de cor pra te encantar

Quero um cheiro de flor pra te estontear

Quero um tom de fulgor pra te inebriar

Quero um estalo de amor pra te enfeitiçar

Eu quero é viver de sonho
Costurar lembranças

E morrer de amor
Precisa mais?

P.S.: Por perceber que o que escrevo aqui tem tomado uma proporção maior, atingido outros corações e despertado emoção em quem lê, decidi que é hora de deixar falar a voz do coração. Agradeço muito aos que me procuram com palavras de carinho e incentivo. A partir de agora o Bate-Coração tem um Mural de Recados na parte do perfil.
Então... Bate, coração! Emoticons

quarta-feira, 21 de abril de 2010

ANTES DA LARGADA


Ela sempre soube que pecaria nessa vida pelos seus excessos. Sempre soube que pagaria por esses pecados. Mas, se exagerar era mesmo um pecado, sempre esteve disposta a pagar o preço e seguir pecando. Nunca soube dosar, medir, calcular. A razão nunca falou mais alto. A realidade nunca lhe prendeu. É que ela sempre viveu uma parte de si no imaginário. Num país de maravilhas. Num mundo encantado. Provavelmente no seu próprio mundo. Ela era quase Alice.

É incrível como a facilidade com a matemática nunca pôde lhe dar sequer uma mãozinha na hora dos cálculos que envolviam sua própria vida. Apesar de não ter problema algum com as contas, nunca conseguiu entender como seria esse difícil desafio de se reduzir. De diminuir algo em si a cada tempestade. De ser menos a cada desencontro. De lutar menos a cada causa perdida. De se encantar menos com o futuro a cada desencanto do passado. De se apressar menos a cada parada no meio do caminho. De se acomodar mais com situações mornas a cada vez que o caldo fervia tanto que transbordava. Ela deveria ter aprendido antes que os seus advérbios de intensidade estavam fora do lugar. E que talvez ela mesma estivesse fora do lugar. Deveria ter aprendido antes a se equilibrar, a se neutralizar, a caminhar em linha reta. Já deveria ter aprendido a não tomar frente de tudo e não defender causas que não são suas. Já deveria ter aprendido que dar a cara à tapa pode ser perigoso, que sinais vermelhos, às vezes, são necessários e que, parar quando um sinal se fecha, pode evitar dores do futuro. Já deveriam ter lhe dito que “Deus escreve certo por linhas tortas”, e que se conformar com uma situação nem sempre é sinal de fraqueza. Muitas vezes é sinal de sabedoria.

Já passou da hora de parar de andar em labirintos que ela mesma inventa. Já passou da hora de parar de fazer tempestade em gotas d’água. Já passou da hora de tirar essa fantasia bonita e limpar a maquiagem que borrou. Já passou da hora de parar de correr sem saber pra onde. Já passou da hora de descer do salto. Já passou da hora de aprender a respeitar certos limites e aceitar tudo aquilo que ela não pode mudar.

Ela precisava entrar num consenso sobre suas duas partes extremas que gritavam tão alto. Precisava ficar em cima do muro de vez em quando e não ter vontade de pular pra nenhum dos lados. Precisava entender que era hora de se reservar, se prevenir, entrar no casulo, sair de cena. Precisava ter a paciência pra se sentar e, tranquilamente, esperar que a vida acontecesse. Precisava se equilibrar em uma corda bamba, porque a vida era um fio. E o amor também. Precisava aprender sobre banho-maria. Precisava cortar os vícios. Conter a pressa. Manter o peso. Organizar os horários. Seguir a agenda. Não podia ser tão difícil! Ela precisava parar de misturar tudo e colocar cada coisa no seu lugar. Precisava encontrar as partes de si que estavam espalhadas por aí, juntar tudo isso e descobrir quem afinal ela era. Mas ela promete que, assim que descobrir, vem aqui pra contar.

terça-feira, 6 de abril de 2010

SEGREDO

Tem certos dias, especialmente os chuvosos, em que a vontade de te contar tudo o que você nunca soube preenche todas as páginas do nosso livro. Tem certos dias, especialmente os saudosos, em que as palavras que eu tenho pra te dar, por si mesmas, escalariam qualquer montanha que ameaçasse delimitar fronteiras entre o que eu sou e o que eu quero ser ao seu lado. Tem certos dias, especialmente os sonoros, em que o desejo de dizer tudo isso no seu ouvido se transforma em urgência de gritar. Tem certos dias, especialmente os dengosos, em que eu queria poder exigir que você nunca mais fosse pra longe, sem ter que argumentar demais. Tem certos dias, especialmente os amargos, em que eu gostaria de me ausentar de você pra, finalmente, contar o que sobraria de mim. Tem certos dias, especialmente os dolorosos, em que a vontade de te ter em palavras simples, olhares longos, frases curtas e dias claros, parece não se conter mais no silêncio. Tem certos dias, especialmente os calorosos, em que o desejo de perder as palavras, a razão e o juízo com você é maior do que toda essa ponte, contada em milímetros. Tem certos dias, especialmente os tortuosos, em que eu poderia te assegurar que trocaria todos os cheiros do mundo pelo seu, sem sequer saber ao certo que perfume você usa. Tem certos dias, especialmente os generosos, em que você parece se sentar mais perto. Tem certos dias, especialmente os numerosos, em que a minha pressa vence a própria razão e não te esquece. Tem certos dias, especialmente os duvidosos, em que o medo duvida da certeza, o sonho desafia os limites e o sentimento, que já não cabe em mim, transcende o tangível.

Eu te contaria tudo e com detalhes, te explicaria quantas vezes fosse necessário e te faria entender tudo o que eu também não entendo... Mas, não posso. Existe uma parte minha em você e uma parte sua em mim, mas isso é segredo. Se não fosse, eu te contaria. Mas é. E em dias como estes, o real desaparece, as palavras urgentes explodem o silêncio, as rimas já não têm tanta importância. Equipei meu coração com mil alto-falantes. Gritei o mais alto que pude, mas o som da minha voz não chegou aí. Não, não vai ser mais segredo que eu te quero aqui.